Imagem capa - A história de Marie Josee por Érico Hiller

A história de Marie Josee

Há anos o trabalho de Marie Josee é guiar turistas para conhecer o local onde morreram dez soldados belgas durante o genocídio em Kigali, capital de Ruanda. O lugar é um pequeno entreposto militar que até hoje se preserva com marcas de granadas, tiros e sangue. Os turistas geralmente visitam, passam alguns minutos ali, tiram suas fotos e vão embora. Eu resolvi ficar bastante tempo. Voltei muitas vezes, por vários dias. Fiquei horas tentando “ouvir” o som de artilharia pesada e o horror que se passara ali. Pude conversar com Marie longamente nos intervalos sem visitantes. Ela me contou que também teve seu instante de desespero durante o genocídio e mal sabia explicar sua sobrevivência. Estava escondida dentro de um estádio lotado de Tutsis quando os genocidas começaram a arremessar morteiros e granadas entre a população acuada. Assim morreriam em grande quantidade e com esforço mínimo. Ela foi uma das poucas sobreviventes porque se passou por morta entre os cadáveres por muitas horas até conseguir fugir de lá.